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Críticas

Crítica: Cheio de firulas, Nolan tenta entreter o público com Tenet mas acaba causando sono e desinteresse

Longa de Christopher Nolan se perde em em meio a uma narrativa simples que precisa se rechear de conceitos confusos para parecer inteligente

Christopher Nolan talvez seja um dos nomes mais relevantes no mundo do cinema atualmente. O diretor, que por inúmeras vezes conseguiu se superar e surpreender o público com novas narrativas e filmes que o desafiavam (sejam eles bons ou ruins), consagrou seu nome na atual indústria cinematográfica. Esta, por sua vez, carece de novas visões para o futuro do cinema. Por mais que, na minha opinião, Nolan seja apenas o diretor de um acerto, ainda assim ele conseguiu movimentar a indústria com seus filmes do Batman e com alguns de seus filmes autorais, como “A Origem” e “Interestelar”.

No entanto, em seus últimos filmes, Nolan simplesmente abandonou o elemento principal de seu cinema, que era a arte de se desafiar e inovar a cada filme produzido. Tudo começou com “Dunkirk”, onde o diretor tentou de uma forma bem forçada transformar um roteiro sem complexidade em um filme “difícil” de se entender. Em “Tenet”, não é diferente. Em seu novo longa, Nolan se atropela do começo ao fim, tentando de forma desesperada criar um novo “A Origem” e reciclando absolutamente todas as ideias que o diretor já teve ao longo de sua carreira. No entanto, o principal defeito em “Tenet” é a imagem de um diretor que tem absoluta certeza da sua “impunidade” e que também acredita estar isento de críticas. Em “Tenet”, Nolan afirma para o mundo que ele pode fazer o que quiser, mas ele se esqueceu de que ainda existem pessoas que não compram um cinema clichê e familiar, por mais bem executado que ele possa parecer.

Na trama, “Tenet” é um filme extremamente simples, mas que ao mesmo tempo se fragmenta em inúmeros pedaços para tentar de forma desesperada parecer mais complexo do que é. Isso cria o famoso efeito “Mamãe, sou inteligente”, mas de inteligente aqui não temos nada além de um conceito interessante que é extremamente mal executado. Da primeira à última cena, é simplesmente impossível tentar entender o que está em tela, já que o diretor decidiu usar palavras rebuscadas para seus personagens parecerem extremamente complexos. No entanto, isso faz com que os personagens também pareçam extremamente falsos, principalmente o protagonista vivido por John David Washington. O ator se encontra excepcionalmente bem no filme, mas interpreta um personagem que consegue absolutamente tudo que quer sem o mínimo de influência apresentada em tela. Aliás, absolutamente nada nesse filme é apresentado em tela, já que logo no início somos introduzidos a uma cena de ação gratuita e sem propósito que serve de gancho para uma tentativa de plot do filme, mas que poderia ser resolvida em questão de minutos e que acaba se estendendo por horas.

Tenet – 2020

Ainda no meio dessa tortura automática de Nolan, conseguimos extrair coisas interessantes, como o conceito do fluxo reverso, onde objetos estão indo contra o tempo por algum motivo (tosco). É aí que o diretor consegue criar momentos interessantes, especialmente em algumas cenas de ação onde os personagens estão agindo contra o fluxo do tempo. Essas cenas funcionam porque o diretor conseguiu criar cenas interessantes com efeitos práticos; o CGI aqui é bem menos utilizado do que o normal, e essa megalomania que Nolan tem em gastar milhões dos cofres da Warner pelo menos em tela fica interessante em poucos momentos. Mas nada disso compensa a falta de desenvolvimento narrativo e criativo, especialmente com os personagens que são uma das coisas mais insuportáveis do filme.

O personagem de Robert Pattinson, por exemplo, não serve muito à história da trama, por mais que o ator esteja incrível no papel. Sua esforçada atuação não consegue salvar o personagem de ser um desastre. Elizabeth Debicki também não consegue fazer uma personagem cativante, seja por falta de talento em sua atuação, seja pelo péssimo roteiro com o qual a atriz precisa trabalhar. Até mesmo o veterano diretor e ator Kenneth Branagh sofre nas mãos de Nolan, já que seu personagem parece uma cópia mal feita dos clássicos vilões toscos de James Bond, com direito a uma analogia animalesca patética e uma motivação que parece tirada das novelas mexicanas que você assiste na casa da sua avó.

Tenet – 2020

Para compensar a falta de Hans Zimmer em sua nova obra, Nolan convidou o veterano Ludwig Göransson, conhecido por seu trabalho em “The Mandalorian” e “Pantera Negra”, para compor a trilha do filme. No entanto, o que vemos aqui é uma tentativa mal sucedida de copiar o próprio Zimmer, com mais do mesmo que você encontra em qualquer trilha sonora genérica dos filmes do diretor.

Em resumo, “Tenet” sofre na mão de um diretor que se acha mais do que verdadeiramente é, com uma visão presa a inúmeros cacoetes narrativos reconhecíveis de imediato se você conhece a carreira do mesmo. Ele precisa urgentemente de um freio para repensar se vai querer continuar como mais um diretor com uma assinatura genérica, ou se vai servir à principal diretriz do cinema, que é encantar e inovar sem perder a essência. Nolan sofre de um complexo de grandiosidade que incomoda. Isso fica claro já que, em meio a uma das maiores pandemias da história, o diretor deu seu famoso chilique para que o filme chegasse aos cinemas de todo o mundo. No entanto, o filme não vale o risco de sair do conforto da sua casa enquanto a pandemia do COVID-19 estiver ocorrendo. E enquanto Nolan continuar se achando superior ao seu público, é melhor que ele fique longe da direção por longos anos.

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